segunda-feira, 28 de julho de 2008

Redação: Como vencer a pobreza e a desigualdade

Redação selecionada no concurso de redação da Unesco/Folha Dirigida de 2007. Autoria: Edmario (Hædi)

A Unesco/Folha Dirigida promoveram o concurso de redação para universitários - 2007. Os 100 trabalhos selecionados integram um livro trilingue (português, inglês e francês). O lançamento oficial foi na Academia Brasileira de Letras - 10/12/2007, no Rio de Janeiro. E o lançamento internacional foi em maio de 2008, na sede da Unesco, em Paris - França. Os livros foram distribuídos para bibliotecas de 191 países. Das 100 escolhidas, 10 são de Pernambuco.

Quem quiser copiar o livro em pdf, acesse:
unesdoc.unesco.org/images/0015/001576/157625m.pdf

Capa do livro:



TEXTO EM PORTUGUÊS

Como vencer a pobreza e a desigualdade? É fácil responder isso. Os que sempre fizeram essa pergunta têm a resposta. Quem tem a resposta precisa apenas agir coletivamente. Mas, como esperar esse tipo de iniciativa por parte das estruturas políticas, econômicas e religiosas que vivem se digladiando em nome do poder, do dinheiro e da miséria? Como querer sombra num deserto ao meio-dia, que suga todas as águas e impossibilita o crescimento das árvores?

Melhor do que tentar vencê-las é compreendê-las para depois transcendê-las. A pobreza e a desigualdade são mazelas da nossa sociedade de consumo. São parâmetros da cultura do ter, que classificam e separam as pessoas pelo que elas possuem. E, na condição de parâmetros, são necessárias à manutenção atual dos sistemas estruturados na antiqüíssima exploração humana, que hoje se diferencia apenas pelo jogo de palavras e imagens.

Será que podemos negar o fato de que elas justificam e garantem o sucesso dos empreendimentos ideológico-financeiros de grupos minoritários do topo da pirâmide social? Eis as guerras, as copas mundiais de futebol e a competitividade, exemplos claros dessa lógica belicosa de mercado; desse tipo de desenvolvimento que concentra renda e favorece a uns poucos em detrimento de uma maioria, que vive na base dessa mesma pirâmide.

Mesmo assim, há os que, na base, defendem, reforçam e mantêm, por décadas, a vigência dessas chagas na coletividade. Isso é reflexo da ideologia do ter, da ilusão do possuir e do diferenciar-se do outro. Conseqüentemente, a pobreza e a desigualdade enraizaram-se no inconsciente coletivo e transformaram-se, ao longo do tempo, numa plataforma, num sistema operacional validado para as relações humanas e, principalmente, econômicas.

Mas, se de um lado elas garantem o progresso material de grupos minoritários, do outro, fomentam o progresso humano, que é gestado na polifonia social dos seres, com sua troca de experiências e impressões sobre o mundo e as coisas. É neste grande jardim de pensamentos e ações que a imposição cultural do espírito mercantil se dilui. E abre os caminhos para as alternativas de desenvolvimento sustentável e para o raiar dos valores mais nobres do ser.

Então, diria que, para vencê-las, devemos nortear nossas relações pelos valores humanos e não mais pelos econômicos. Esses últimos transformam o homem em algo descartável e agente poluidor, garantindo-lhe apenas a pobreza e a desigualdade; distorcendo, assim, sua condição natural de “ser”. E somente como ser humano é que podemos reconhecer-nos nos outros e viabilizar uma sociedade melhor, que contemple as pessoas do hoje e do amanhã.

Vencê-las não é criar novas guerras, novos estratos, novas formas sutis de exploração e comodismo. É sermos naturais e trabalharmos no vazio da mente, berço de todas as coisas materializadas pela comunidade planetária. É desenvolver uma educação humanitária e pacífica. É aprender e se espelhar na natureza que provê; no sol que brilha; na água que sacia e nos alimentos que nutrem, incondicionalmente todas as pessoas que deles necessitam.

Na condição de ser racional, utilizei trinta e cinco linhas para dissertar sobre como vencer a pobreza e a desigualdade. É dessa forma, com muita fala e pouca ação, que reagimos às problemáticas sociais. Mas, como ser humano que ousa experienciar, utilizo apenas uma palavra: o Coração, que aliado à racionalidade, é a força-motriz para dissolver esses males. E, à medida que as pessoas permitem-se auscultá-lo, a prosperidade começará e a Paz também.


TEXTO EM INGLÊS

How can we stop poverty and inequality? It is easy to answer that. The ones who always make the same question have the answer. And the ones who have the answer should only act collectively. But, how can we expect such initiative from the political, economical, and religious structures, if they are only fighting between them for power, money and misery? How can we expect to find a shade in the desert at noon, when the desert ends with all water sources and prevent trees from growing?

Better than try to beat it is to understand it and then overcome it. Poverty and inequality are stains of our consumption society. Both are parameters of the "must have" culture, classifying and separating people for what they have. As parameters, both are necessary to maintain the systems built over the historical human exploitation, which are different only because of the new use of words and images.

Can we deny that poverty and inequality justify and warrants the success of financial and ideological enterprises of small groups at the top of the social pyramid? There are the wars, the world cups and competitiveness, clear examples of the market's war logic, of the development that concentrates incomes e favors a few to detriment of many people who are at the basis of the pyramid.

Even though, there are some people in the pyramid basis who are protecting, reinforcing and maintaining – for decades – this collective wounds. This is a reflex of the "must have" ideology, of the illusion to possess something and then become different from the others. Consequently, poverty and inequality took roots at the collective unconsciousness and became, with the passing of time, a platform, an operational system validated for human relations and, most of all, economic relations.

If, from one side, these people warrant the material progress of small groups,from the other, they provide human progress, which is based of social multiplicity of human beings, sharing their experiences and impressions about the world and the things. It is here, is this large garden of thoughts and actions that the cultural imposition of the mercantile spirit is diluted, Opening the ways to sustainable development alternatives and to raise more noble human values.

So, I would say that, to overcome it, we must guide our relations by human values instead of economical values. The latter transform man in something disposable and in a pollutant agent, warranting him only poverty and inequality, thus distorting is natural quality of "being". Only as human beings, we can manage to recognize us one in the other and build a better society, which contemplates people from the present and the future.

Overcome it doesn't mean to create new wars, new stratums, new subtle forms of exploration and complacence. We must be natural and work our minds emptiness, which is the start of all material things in the planet's community. We must develop a humanitarian and peaceful education. We must learn how to reflect ourselves in the nature that supplies, in the sun that shines, in the water that satiates, in the food that feed, unconditionally, us, the people who need all of it.

As a rational being, I have used 35 lines to write about overcoming poverty and inequality. It is in that way, with too much talk and too little action, which we react to social issues. But, as a human being who dares to experience, I will use only one word: Heart, which, allied to reason, is the motor to stop these evils. When people start to listen to their hearts, prosperity shall come, and Peace shall come.


TEXTO EM FRANCÊS

Comment vaincre la pauvreté et l'inégalité? C'est facile d'y répondre. Ceux qui ont toujours pose cette question ont la réponse. Celui qui a la réponse doit à peine agir collectivement. Mais, comment espérer ce genre d'initiative de la part des structures politiques, économiques et religieuses qui vivent dans la lutte au nom du pouvoir, de l'argent et de la misère? Comment vouloir de l'ombre dans un désert à midi, qui aspire toutes les eaux et empêche la croissance des arbres?

Mieux qu'essayer de les vaincre c'est les comprendre pour ensuite les transcender. La pauvreté et l'inégalité sont les maux de notre société de consommation. Ce sont des paramètres de la culture du " posséder ", qui classent et séparent les personnes par ce qu'elles possèdent. Et, dans la condition de paramètres,sont nécessaires à la manutention actuel des systèmes structurés dans la très ancienne exploitation humaine, qui aujourd'hui se différencie à peine par le jeu de mots et images.

Pourra-t-on nier le fait qu'elles justifient et assurent le succès des entreprises idéologiques et financières de groupes minoritaires du sommet de la pyramide sociale? Voilà les guerres, les coupes du monde de football et la compétition, exemples claires de cette logique belliqueuse de marché; de ce genre de développement qui concentre les revenus et favorise peu de personnes au détriment d'une majorité, qui vit sur la hase de cette même pyramide.

Même ainsi, il y a ceux qui, à la base, défendent, renforcent et maintiennent, pendant des décades, la vigueur de ces blessures dans la collectivité. Ceci est le reflet de l'idéologie de l'avoir, donne l'illusion de posséder et de se différencier de l'autre. En conséquence, la pauvreté et l'inégalité se sont enracinées dans l'inconscient collectif et se sont transformées, au fil du temps, en une plateforme, en un système opérationnel validé par les rapports humains et, surtout économiques.

Mais, si d'une part elles assurent le progrès matériel de groupes minoritaires, de l'autre, stimulent le progrès humain, qui est géré dans la polyphonie sociale des êtres, avec son échange d'expériences et impressions sur le monde et sur les choses. C'est dans ce grand jardin de pensées et d'actions que l'imposition culturelle de l'esprit mercantile se dilue. Et ouvre les chemins aux alternatives de développement durable et au rayonnement des valeurs plus nobles de l'être.

Alors, je dirais que, pour les vaincre, nous devons orienter nos rapports par les valeurs humaines et non plus par les valeurs économiques. Celles-ci transforment l'homme en quelque chose de jetable et agent polluant, lui garantissant à peine la pauvreté et l'inégalité; distordant ainsi sa condition naturelle d"être". C'est seulement comme être humain que nous pouvons nous reconnaître dans les autres et viabiliser une société meilleure, qui considère les personnes d'aujourd'hui et de demain.

Les vaincre n'est pas créer de nouvelles guerres, de nouvelles couches, de nouvelles formes subtiles d'exploitation et de commodité. C'est que nous soyons naturels et que nous travaillions dans le vide de l'esprit, berceau de toutes les choses matérialisées par la communauté planétaire. C'est développer une éducation humanitaire et pacifique. C'est apprendre et se refléter dans la nature qui approvisionne; dans le soleil qui brille; dans l'eau qui rassasie et dans les aliments qui nourrissent, inconditionnellement toutes les personnes qui en ont besoin.

Dans la condition d'être rationnel, j'ai utilisé trente cinq lignes pour disserter sur comment vaincre la pauvreté et l'inégalité. C'est de cette façon, en parlant beaucoup et en agissant peu, que nous réagissons aux problématiques sociales. Mais, comme être humain qui ose expérimenter, j'utilise un mot: le Coeur, qui allié de la raison, est la force motrice pour dissoudre ces maux. Et à mesure que les personnes se permettent de l'ausculter, la prospérité commencera et la Paix aussi.

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