segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ouro verde do Nordeste: o lado claro e o lado escuro da força.

Autoria: Hædi (05/06/2007)

Apontados como desaceleradores do aquecimento global, os biocombustíveis são as novas vedetes da mídia mundial. Nações importantes já estão investindo neles, pois o desenvolvimento não pode parar. Porém, como o dia e a noite, ambos com 12 horas claras e escuras, respectivamente, em tudo há dois lados. As nações ricas vivem às avessas com alguns países islâmicos, hoje “inimigos” e detentores das reservas mundiais de petróleo. Além disso, na América do Sul, outra potência petrolífera, a Venezuela, governada por uma versão Kitsch do comandante cubano, e ainda, a Bolívia e suas reservas de gás natural administradas por um indígena. Nesse conflito entre o lado “claro” e o “escuro” da “força”, os biocombustíveis surgem como tábua de salvação, bem mais para as contas bancárias de direitistas e esquerdistas do que para a humanidade. Nesse contexto, a cultura canavieira ressurge e sua matéria-prima, a cana-de-açúcar, recebe uma nova roupagem: o “Ouro Verde”, que na sua essência traz o mel e também, o fel.

Nossa pátria, especialmente, o Nordeste, prepara-se para viver um novo sonho econômico sob a égide do aquecimento econômico pela redução do aquecimento (climático) global. Num mercado de milhões de “verdinhas”, o consumo de etanol aumentou e o Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador. Elevou-se à condição de potência energética - um “ganso dos ovos de ouro” -, principalmente, diante das incertezas com relação ao fornecimento de combustíveis fósseis no futuro. As propagandas dizem que os biocombustíveis são positivos para reduzir os gases do efeito estufa. O etanol, por exemplo, é utilizado como combustível e é também aplicado nas áreas de perfumaria, medicamentos, produtos de limpeza e bebidas alcoólicas. Ele é “uma fonte energética renovável e pouco poluente” e seu excedente na produção de biodiesel é totalmente reprocessado.

Porém, estudos asiáticos e europeus revelam uma outra face dessa realidade. Os chineses alertam: “a cultura intensiva de cana-de-açúcar [...] provoca a liberação de uma enorme quantidade de carbono existente no solo. E se essas áreas fossem regeneradas, poupariam por hectare, anualmente, a liberação de 7t de dióxido de carbono, mais do que bioetanol poupa”. No que se refere à sua produção, para cada litro produzido, consome-se cerca de 4 litros de água. E os belgas afirmam que: “O biodiesel provoca mais problemas de saúde e ambientais porque cria uma poluição mais pulverizada, libera mais poluentes que promovem a destruição da camada de ozônio”. Essa situação merece a nossa atenção, pois é a racionalidade contrapondo-se à própria racionalidade. As pesquisas são resultados de mensurações lógicas, bem distantes das “ditas” paixões desenfreadas de grupos ambientalistas. Eis o mel revelando o seu fel.

Diante desses fatos lógicos que se contrapõem, cabe-nos perguntar: O que vem a ser esse desenvolvimento econômico? Por que promessas bonitas e tantos efeitos danosos para a coletividade e o planeta? Qual o seu real significado? Desenvolvimento é o que está nos dicionários: adiantamento, crescimento, aumento, progresso ou significa: não-envolvimento (prefixo de negação des- mais a palavra envolvimento)? Será que assumiremos novamente o ônus e seremos excluídos do bônus desses projetos empresarial-governamentais? Os carros terão mais prioridade à água do que nós que já vivemos na escassez desse líquido tão necessário à nossa sobrevivência? A história mostra que, em lugares que estiveram sob a insígnia do “Ouro...”, seguiu-se a devastação. Certamente, devemos considerar os dois lados da força, as duas vertentes: o dia e a noite, focando mais nessa última, muitas vezes excluída, mas que sempre nos estimula a vermos além do imediatismo, visto que podemos estar cegos, mesmo ao meio-dia.

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